Governos da América Latina apoiam a declaração política na 4ª Reunião de Alto Nível daAssembleia Geral das Nações Unidas sobre Doenças Não Transmissíveis e Saúde Mental

Agustina Luque (Colansa e CLAS)

  • Quase todos os países da América Latina expressaram seu apoio à declaração e, durante seus discursos, destacaram a necessidade de impulsionar políticas públicas para reduzir a prevalência das Doenças Não Transmissíveis (DNTs).
  • Nos discursos, mencionou-se a necessidade de promover políticas públicas, como os impostos saudáveis, a fim de conter as doenças não transmissíveis.
  • A declaração estabelece metas globais a serem alcançadas até 2030.

Durante a 4ª Reunião de Alto Nível sobre Doenças Não Transmissíveis (DNTs) e Saúde Mental, realizada em 25 de setembro de 2025, nas Nações Unidas, representantes de diversos países expressaram sua adesão à Declaração Política da Quarta Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral sobre a prevenção e o controle das doenças não transmissíveis e a promoção da saúde mental e do bem-estar.

A reunião contou com a participação de chefes de Estado e de governo, além de ministros e ministras da saúde de todos os países membros da ONU. No que se refere à região da América Latina, representantes de Costa Rica, Peru, Colômbia, Equador, Panamá, México, Brasil e Uruguai manifestaram seu apoio à declaração e, em seus discursos, ressaltaram a necessidade de fomentar políticas públicas para reduzir a prevalência das Doenças Não Transmissíveis.

As DNTs, incluindo doenças cardiovasculares e pulmonares, câncer e diabetes, são as principais causas de morte em todo o mundo, tendo ceifado pelo menos 43 milhões de vidas em 2021, incluindo 18 milhões de pessoas com menos de 70 anos. Quatro em cada cinco (82%) dessas mortes prematuras ocorrem em países de baixa e média renda. Por sua vez, as condições de saúde mental afetam mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo.

Nesse sentido, a Ministra da Saúde do Uruguai, Cristina Lustemberg, afirmou que a prevenção das Doenças Não Transmissíveis é uma prioridade nacional, enfatizando a influência dos determinantes comerciais, sociais e ambientais na saúde. Reafirmou que o Uruguai entende a saúde como um direito humano universal, um bem público e uma responsabilidade do Estado. Por fim, reiterou seu compromisso com a atenção de qualidade, a prevenção da obesidade e o controle do álcool e do tabaco.

Já o Subsecretário de Saúde do México, Ramiro López Elizalde, alertou sobre a carga de mortalidade associada ao consumo de bebidas açucaradas e lamentou que a gastronomia tradicional tenha sido substituída por produtos de baixa qualidade. Ressaltou a eficácia das medidas implementadas em seu país, como a rotulagem frontal, os impostos sobre bebidas açucaradas e a regulação da publicidade. No entanto, observou que ainda existe uma dívida histórica, pois essas medidas não resolvem imediatamente as desigualdades persistentes. Destacou a necessidade de adotar a declaração política, porque ela aborda as causas fundamentais, especialmente a desigualdade. “Tratar da saúde é um ato de humanidade, não uma questão técnica”, concluiu.

No caso da Colômbia, Jaime Urrego Rodríguez, Vice-Ministro da Saúde Pública, fez pedidos específicos: convidou os países a adotar a declaração e a implementar a equidade de gênero em todas as políticas de saúde. 

Nos discursos dos Estados Membros, enfatizou-se a necessidade de impulsionar políticas públicas para conter as doenças não transmissíveis, como os impostos saudáveis: sobre bebidas açucaradas, tabaco, álcool e produtos ultraprocessados. Discutiu-se também regular o marketing agressivo das indústrias, a rotulagem e o empacotamento de produtos, interromper a interferência dos determinantes comerciais e promover a participação da sociedade civil livre de conflitos de interesse, em conjunto com os governos, para melhorar a saúde na região das Américas.

A declaração política em discussão intitula-se “Equidade e integração: transformar vidas e meios de subsistência por meio da liderança e das medidas em matéria de doenças não transmissíveis e da promoção da saúde mental e do bem-estar” e foi submetida à Assembleia Geral para aprovação.

A declaração estabelece metas globais a serem atingidas até 2030, a saber: 150 milhões a menos de consumidores de tabaco; 150 milhões a mais de pessoas com hipertensão sob controle; 150 milhões a mais de pessoas com acesso ao cuidado em saúde mental.